quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Dança comigo

A pedidos, dedico esta postagem ao texto vencedor do concurso promovido pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Santiago (SMEC) na categoria prosa - Ensino Médio, com a temática "Ética planetária: consciência em humanizar", em comemoração à Semana da Pátria. Gostaria também de pedir ao leitor que não leia meu texto, e sim o pense. Minhas palavras não são escritas para enfeitar, eu quero que elas digam!



Dança comigo

O que vemos, de mãos desenlaçadas, são esperanças desbotadas, velhas quimeras que, mesmo fatigadas, ousam, num último esforço, remar contra a corrente de um rio já poluído por nossa estupidez. São sonhos desestimulados que pairam num céu deserto, que outrora abrigara brancas pombas e agora é manchado pelo negror da ignorância de nossas ações. Nós, com as mãos ainda desenlaçadas, assistimos tudo por sobre a corda bamba, na iminência de cair no abismo criado por nossas atitudes, enquanto o mundo nos fita, esperando que, de mãos dadas, façamos juntos, aquilo que é impossível a um só.
Fazendo uso de tamanha ganância e irracionalidade, acabamos por privar as pessoas de seus direitos inalienáveis que lhes permitem sonhar, viver e desenvolver-se. Devemos respeito à natureza e aos outros, ignorando origem étnica, sexo, posição social ou sistema de crença, fazendo-se valer apenas da cooperação como forma de integrar e evoluir o planeta, regendo com sabedoria essa orquestra da qual somos músicos e maestros.
Além disso, a mudança nos exige muito além do desejo de mudar, da vontade de melhorar, afinal não são devaneios que alterarão os rumos de nossa história. Nossas relações tornam-se cada vez mais conflitantes e o mundo, aos poucos, definha. O gigante, abatido, deve ser reerguido, e a paz deve ressurgir soberana em meio a nossa convivência. A atitude, que implora atenção, precisa ser atendida por todos, que, de braços dados, farão renascer as esperanças há tempos esquecidas.
Então enlacemos as mãos. Devemos emudecer o pranto e fazer bradar o riso, ver o vento embalando e jamais destruindo e as mãos, que antes se negavam, agora devem vibrar unidas. Não deixemos que nossas quimeras se afoguem, que nossos sonhos desistam e que a orquestra desafine, o mundo quer dançar ao som de nosso empenho, não podemos parar o show. Ergamos a batuta e façamos o espetáculo!

João Otávio Cadó de Matos

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