domingo, 16 de setembro de 2007

O Pequeno Príncipe

Hoje, dotado de incalculável sabedoria, dediquei parte de meu dia à releitura da obra "O Pequeno Príncipe", do genial Antoine de Saint-Exupéry. Na semana que passou, assistindo ao Jornal Nacional, acompanhei a reportagem referente à XIII Bienal do Livro do Rio de Janeiro, onde ocorreu o "lançamento" de uma versão monumental da famosa obra do escritor francês. O livro tem dois metros de altura por um metro e meio de largura e 128 páginas, fato que confere ao Pequeno Príncipe um lugar no Guinness Book, como o maior livro publicado no mundo. Passada a surpresa das dimensões, recordei a primeira vez em que li O Pequeno Príncipe.
Era uma criança (pois infância sem O Pequeno Príncipe e Meu Pé de Laranja Lima não é infância), e em meu mundo todo ingênuo e infantil, espreitava cada paço daquele jovenzinho pelos diversos mundos em que andava. Para mim, aquilo era apenas diversão, curiosidade. Mas quando me torno "gente grande" percebo que parte do meu conhecimento não-efêmero adquiri ao folhar as páginas daquele livro aparentemente infantil.
Quantas rosas cativei e quantas outras deixei que partissem sem dar-lhes sequer um olhar. Quantas raposas que me cruzaram o caminho e quantos mundos diferentes visitei e ainda tenho a conhecer. E tudo não passa de valores. Valores que nós, "gente grande", no orgulho de todos os nossos anos, esquecemos de preservar. Cada página folhada daquele livro, independente do tamanho, tem o poder de tocar e engrandecer aquele que a lê.
E hoje eu penso em como fui burro ao deixar todas aquelas lições lá, fechadas junto ao livro da minha infância.
Penso alto, como criança. Penso no mundo maravilhoso que teríamos se cada pessoa que lesse O Pequeno Príncipe colhesse aquela rosa solitária, cativasse a raposa não menos sozinha.
E não há momento melhor para rever esses valores. Devemos aproveitar o relançamento da obra em tamanho colossal para relançar também as virtudes, os conselhos, as morais que existem naquelas folhas.
Gostaria, agora, de compartilhar com você, leitor, um pouco da felicidade de minha infância. Felicidade que, após anos, consigo reviver.




Trecho do capítulo XXI:

"Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar."

Antoine de Saint-Exupéry

Um comentário:

Anônimo disse...

Querido Jota, teu blog está sensacional! De muito bom gosto nas escolhas das imagens e das postagens. Só poderia ser assim mesmo, pois tu és fora do comum! (maneira diferente para te descrever, uma vez que é difícil encontrar elogios que te definam por completo).
Estou muito feliz que tenhas dado mais um passo na tua vida criando este espaço que contribuirá muito à sensibilidade humana e à aquisição de novos conhecimentos.
Sou tua fã.
Um grande abraço!