domingo, 9 de setembro de 2007

Para a Ave sem alas e somente a ela

Caíste do céu, mô bem. E por do céu ter vindo é que és ave sempre. E pela queda é que és desprovida de alas, mas ainda assim tens o vôo, e isso te basta.


Das cinzas, puseste em pulso o cerne do pacato Caval(h)eiro, nobre amiga.
Fênix muscular! Outrora consumido pelo quadro de aflições pintado por ermas e sombrias noites. Hoje, na iminência de furar-me o peito. Vibrante! Vivo!
Que poder têm tuas palavras, jovem pássaro?
Que feitiço as envolve?
E para que ser ave por completo, alada, se teus vocábulos voam até mim e cantam em meus ouvidos?! Ah dama! E como cantam! Serafins celebram a vida diante de tal sonoridade, que nem mesmo Israfel ousou produzir.
Proporcionaste ao Caval(h)eiro cuja armadura cintila, a descoberta de novos mundos, terras onde se sente forte o bastante para ostentar sua espada e defender seu povo, composto por números, palavras, idéias e conceitos.
E quão seguro e inabalável sente-se o jovem, de gládio em punho, na nobre companhia do pássaro, vagando ambos por paisagens que se atreveram a criar, sozinhos, valendo-se apenas um do outro e de suas certezas, muitas vezes incertas.
Cansado, fraco e temeroso da batalha travada em mundo no qual seu coração depôs, o Caval(h)eiro, de súbito, sorri, ao vislumbrar do pé da montanha, o ser sem alas, que apesar de o ser, insiste no vôo, nobre, augusto, pairando soberbo sobre aquele reino de além-mar.
Dos longínquos e ignotos conflitos lutados em nome do verbo, o guerreiro traz apenas a descrença sobre o real poder das palavras. Ao término, vem a ave, como elixir traz a conversa, devolve ao andante a crença, que lhe é necessária na eterna guerra. Ah dama! Que bem o fazes!
Fracos, cobardes e incapazes foram os que outrora temeram os rumos na companhia da nobre amiga. Pois saibas tu, nobre entre os nobres, que onde quer que estejas, terás a ponta da espada deste fiel Caval(h)eiro a te guardar.
Não temas os outros mundos minha amiga, viva apenas o teu! Ouse, tente e não fraqueje ante o mistério! Terás minha espada como lastro!
Agora, curvo-me, em gesto solene, diante da amiga, em agradecimento ao fiel empenho para comigo.
Descanso a espada, pronta a te servir!
Obrigado Ave!
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O Guardador de Rebanhos

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