quarta-feira, 5 de setembro de 2007

"A eterna criança, o deus que faltava."

Não há meios de entregar o princípio a um outro, minha criança. "Pois é porque andas sempre comigo que eu sou poeta sempre, e que o meu mínimo olhar me enche de sensação, e o mais pequeno som, seja do que for, parece falar comigo." Adaptado de Fernando Pessoa
Mesmo que tombem nossas estátuas, serás tu, para sempre, a criança que inspira e faz do homem, poeta.
E ao final, quando todos os pergaminhos tiverem sido vitimados por minha pena, verá, o mundo, que minha obra-prima foi amar-te, anjo meu.

“Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor.”
Wolfgang Amadeus Mozart

Soneto

Ode à Letícia

Sensível misto de inocência e de beleza.
Abrilhantado por tão erma e ingênua face,
E a perfeição com que se emprega a singeleza
Faz desta alva mescla, perquirido disfarce.

Branda doçura por detrás de austeros sonhos,
Já denunciada pelo lábio entreaberto,
Em um sorrir, no qual meus olhos eu deponho,
Enlouquecido por tê-lo, de mim, tão perto.

Vem das Madonas de um tal Sanzio, o olhar velado,
Que me deleita, jazendo sobre meu fado,
Que me delata, tal a Virgem, a carícia.

Sempre guardada por fitares celestiais,
Jamais tentada pela fera dos mortais,
É minha amada, pétala alada, Letícia.

O Guardador de Rebanhos – 24/05/07

Nenhum comentário: